Segue abaixo a tradução, feita pelo Bispo Suzuki, da Prédica Religiosa do Bispo Seijun Nagamatsu, feito no no Culto Matinal do dia 21 de Dezembro, na Catedral Nikkyoji.
Na ocasião, o Bispo Nagamatsu acompanhava o Bispo Matsumoto na viagem de condolência pelo falecimento do Bispo Kyouryu Moraes, Hakuze Ferreira e Kyoushou Oliveira. Para assistir o vídeo, clique aqui.
ご法門ー長松清潤御導師ーサンパウロ日教寺-2016年12月21日
Verso do Grande Mestre Nissen no. 2921
めでたさは 御題目に うちもたれ
Medetassa wa Ondaimoku ni utimotarete
仏の国へ 帰りけるかな
Hotoke no kuni e kaerikeru kana
”Abençoado mesmo é ser
Carregado pelo Odaimoku,
E assim poder retornar
Ao mundo do nobre Buda”
Todos nós um dia encontraremos a morte, separaremos das pessoas que amamos e gostamos.
Nessa hora, será o Namumyouhourenguekyou, será apenas a fé que transformará a dor da impermanência, o sofrimento de despedir de quem amamos em força para viver.
Se não praticar a fé, a vida pode se encerrar num vazio inexplicável, e a tristeza invadirá tudo.
Se a fé enfraquecer ou estiver enfraquecida, acabamos amaldiçoando o destino, tendo rancor à vida, ressentindo a divindade, praguejando à Buda e aos deuses.
ESTA É A HORA de praticar verdadeiramente a fé. De fazer da fé uma coisa real e verdadeira.
Se tiver fé, é possível sentir a infinitude da vida, a eternidade da vida. É possível compreender que esta vida que se foi, tem um lugar para voltar.
Este verso de hoje é um poema com íntima relação com a família Nagamatsu.
O título deste poema é “No ocultamento físico de Ei Nagamatsu”. O Grande Mestre Nissen Shounin compôs este verso quando faleceu sua querida esposa, Ei Nagamatsu.
Ela viveu longo tempo com o Grande Mestre, dando suporte às atividades, servindo aos jovens sacerdotes, auxiliares e fiéis do templo Yusseiji em Quioto (atualmente, Matriz Mundial da HBS). Apesar do intenso trabalho religioso (gohoukou), ela tinha a saúde extremamente fraca. Recebeu muitas bênçãos enquanto fazia os gohoukous, mas acabou falecendo antes de Nissen Shounin.
Separar assim de uma pessoa que, além de esposa e companheira, acompanhou-o dia a dia dando-lhe todo o suporte ao seu trabalho religioso, mesmo para Nissen Shounin, um mestre religioso, é triste, é doloroso.
Porém, porém… seja triste, seja doloroso, seja duro e difícil, porém… é gratificante. Nissen Shounin, talvez em lágrimas de dor e de alegria ao mesmo tempo, cantou em seu verso:
¨Você, acumulou muitas virtudes em vida. Você confiou seu corpo ao Darma Sagrado. Sua alma está agora no mundo de Buda, retorna à eterna Terra Pura. Que gratificante!¨
Todos aqui devem ter pessoas que amam, e certamente sentiriam igualmente gratos se estas pessoas tão queridas fossem para um bom lugar. É claro que não temos a capacidade de saber o peso do nosso carma negativo, o tamanho da nossa heresia em relação ao Darma Sagrado, e qual será o nosso destino. Mas sabemos que o Odaimoku modifica nosso destino, nossa vida, nossa alma. O Odaimoku transforma tudo em goriyaku, em benção.
O importante não é o tempo de vida. Se o tempo de vida foi longo, ou se foi curto. O importante é enquanto a pessoa viveu, quanto ela acumulou virtudes, quanto ela dedicou à missão de fé, quantas pessoas ajudou, quantas pessoas incentivou, quantas pessoas salvou. Apenas isso.
A esposa do Grande Mestre Nissen Shounin, fez muitos gohoukous, acumulou muitas virtudes, recebeu muitas bênçãos, fez receber muitas bênçãos. A vida daquele que pratica a fé, assim como dedicou Ei Nagamatsu, não se encerra com a morte. A vida dela é de eterna gratidão. Ela com certeza está dizendo, “Arigatai, arigatou. Arigatougozaimassu!, pela possibilidade de ter feito gohoukou nesta breve vida.”
É apenas o Odaimoku, é apenas a fé, que transforma a dor da impermanência em uma grande força para viver, e transforma tudo em goriyaku, abençoando pela eternidade esta vida transitória.
O Grande Mestre Nitiren Daibossatsu, certa vez, escreveu uma carta a uma devota que perdeu seu esposo. Eu geralmente apresento esta carta do nosso mestre Nitiren a jovens casais quando celebro casamentos.
“Você, agora, deve estar em prantos por seu marido ter partido tão cedo, deixando-lhe. Porém, dentro do ciclo do samsara, de infinitas vidas, sucessivos renascimentos pelo qual passamos, os parceiros com os quais tivemos elos já foram tão numerosos e infinitos quanto os grãos de areia de todos os oceanos. No entanto, o amor do marido desta vez, dessa vida, é autêntico, é amor real. É uma pessoa com o qual estará casada para a eternidade. Porque este marido lhe proporcionou um maravilhoso encontro com o Darma Sagrado de Buda. Juntos praticaram a fé. Juntos fizeram gohoukou. Por isso, é verdadeiro, é autêntico, é para a eternidade. Por ser assim, deves prestar o respeito que presta a Buda, também o mesmo respeito a seu estimado marido.”
E assim foi dito.
Esta é a eternidade que nós, devotos, encontramos dentro da impermanência da vida.
Agora, perdemos três sacerdotes primordiais maravilhosos, três maravilhosos bispos.
Foi um acontecimento inacreditável, não é possível expressar em palavras o pesar deste acontecimento.
Porém, a vida e a morte de um sacerdote primordial em si é um gohoumon (prédica religiosa). Além disso, por terem sido três bispos que juntos viveram e faleceram, é um gohoumon, inimaginavelmente ainda mais importante, rigoroso e verdadeiro.
Eles apostaram a vida para nos ensinar. Nós tínhamos perdido a noção do que é a impermanência, da brevidade da vida…
Viveram e morreram, e então pegaram e viraram nossas cabeças para olharmos nossos próprios destinos, abriram nossos olhos para nosso próprio carma negativo e heresia.
Fizeram nos refletir: “Podemos fazer tanto! É possível praticar tanto mais a fé! Podemos dedicar mais e mais nos gohoukous, mas talvez não estamos dando a mínima para isto”.
Enquanto isto, o demônio da impermanência faz vítimas no mundo inteiro.
São mulheres e crianças que morrem em guerras intermináveis, terroristas que surgem de todos os cantos. E o coração das pessoas vão se desmantelando, se afastando cada vez mais umas das outras. Nós temos este maravilhoso Budismo Primordial para salvar tantas e tantas pessoas nesse turbilhão de sofrimentos, mas não estamos fazendo o tanto quanto poderíamos estar fazendo. Semear o Darma Sagrado, expandir os ensinamentos, não, não… ainda não estamos fazendo nada disso. Não o suficiente, não o quanto somos capazes!
Somos muito egoístas. Somos muito fracos. Estamos nos descuidado gravemente.
Vamos fazer agora a promessa. Ou refazer a nossa promessa de fé.
Nós recebemos uma grande lição deles para isto.
Vamos reagir agora mesmo ao gohoumon que eles apostaram a vida para nos pregar.
No Nepal, graças a isto pudemos fazer um gohoukou de expansão.
Graças a fé, graças ao Odaimoku, da tristeza de uma morte surgiu numa nova semente de vida.
Um jovem do Japão, Akira Obara, morreu no Nepal, fazendo gohoukou. Porém, a morte dele nos abriu os olhos. E foi nessa hora que a expansão no Nepal deu uma guinada, realizando várias atividades após o terremoto que assolou o país. A ponto de no mês passado, em novembro, o Ministro de Relações Exteriores do Nepal elogiar e engrandecer a HBS.
O sacerdote Seigyou Correia (brasileiro), que está fazendo gohoukous no Nepal, lembrou-se daquilo que o Bispo Hakuze Ferreira lhe ensinou desde que ele era criança. E graças a isto, conseguiu prosseguir com as atividades no Nepal.
O Bispo Ferreira dizia:
¨Esforce sem ser egoísta ou caprichoso, pensando apenas em si próprio. Apenas faça! Não reclame ou fique fazendo biquinho. O gohoukou que ninguém quer fazer porque é sujo ou trabalhoso, este sim é que traz mais virtudes! Ande descalço, não precisa de chuveiro, viva 24 horas para o Gohouzen!¨
Seigyou-shi lembrou-se destas palavras do Bispo Ferreira, e esforçava dia-a-dia no Nepal. Foi nesta terra onde nasceu Buda, no Nepal, que ele está ajudando a expandir o Sagrado Odaimoku.
Há um fiel no templo Myoshinji, de Yokohama, profundamente ligado ao Brasil, o Sr. Hiroshi Koizumi. Ele, até final de novembro, havia feito seis conversões em 2016. A promessa dele anual é sempre de dez conversões. Ele já estava pensando que seria impossível cumprir este ano. Mas, quando ouviu sobre a morte dos três bispos brasileiros, ele ficou profundamente chocado e, chorando, despertou a fé. Sentiu vergonha de sua postura de fé naquele momento, desistindo da promessa feito ao Gohouzen.
Ontem, recebi o e-mail dele, dizendo que havia concretizado mais quatro conversões.
Desta forma, a morte destes bispos, tem nos ensinado a correta fé a praticarmos.
Assim como na carta do nosso Grande Mestre Nitiren Daibossatsu, devemos agradecer eternamente aos três nobres bispos, e respeitá-los como ao Buda.
Há um ensinamento que diz:
¨Relembre-se da benção após se passarem três anos¨
A despedida triste desta vez, talvez não seja possível compreender neste exato momento, mas depois que se passarem três anos, ou talvez demore uns cem anos, certamente entenderemos seu real significado.
Tudo dependerá de como conduziremos nossa fé e nosso gohoukou daqui para a frente.
O Grande Mestre Nissen Shounin nos ensina através da seguinte citação. Goshinan ni:
“Se nos dermos conta de que, após a morte, retornamos ao lugar em que estão todas as virtudes acumuladas de uma vida inteira, orar o Odaimoku dia e noite será uma alegria sem fim. O Grande Mestre Nitiren Daibossatsu nos ensina ‘Ora o Namumyouhourenguekyou, e retorna para dentro deste mesmo Odaimoku’.”
E assim foi dito.
Apenas o Namumyouhourenguekyou, apenas a fé transforma a dor da impermanência, o sofrimento da morte em força para viver.
Se não praticar a fé, a vida pode se encerrar num vazio inexplicável, e a tristeza invadirá tudo.
ESTA É A HORA de praticar verdadeiramente a fé. De fazer da fé uma coisa real e verdadeira.
Se tiver fé, é possível sentir a eternidade e plenitude de uma vida. É possível compreender que esta vida que se foi, tem um lugar para voltar. Dentro das virtudes do Namumyouhourenguekyou.
”Abençoado mesmo é ser
Carregado pelo Odaimoku,
E assim poder retornar
Ao mundo do nobre Buda”